euca MERYO009Produtores de eucalipto de Umuarama (PR) estão de olho no mercado moveleiro

A cidade de Umuarama (PR) atingiu o segundo lugar no ranking de consumo do estado no mercado moveleiro
Segundo estimativa da Secretaria Municipal de Agricultura, a cidade e região tem uma área plantada de 25 mil hectares de eucalipto. Por conta disto, produtores de eucalipto estão de olho neste “novo” mercado.

Dados da Secretaria Municipal da Indústria e Comércio revelam que pelo menos 100 empresas que fabricam estofados, colchões e marcenarias que utilizam a madeira como matéria prima. Atualmente, o produto é trazido de outras regiões do estado, principalmente Centro-Sul. “Já sabemos que em breve essa madeira importada será utilizada para outros fins, principalmente a fabricação de celulose. Portanto, é um momento propício para os produtores pensarem na cultura da madeira para suprir a necessidade de nosso mercado local”, afirmou o secretário da Indústria e Comércio, Rômulo Rauem.

Para atingir o objetivo, os agricultores estão se organizando em uma associação e buscam a profissionalização da cultura na região. A mobilização do setor passa pela profissionalização desta cultura, com o investimento em mudas de qualidade, manejo adequado e seleção da madeira para o corte. O prazo médio é de 15 anos para obter a madeira para beneficiamento.

Hoje, tem propriedades em Umuarama que o investimento em qualidade de mudas e manejo correto, já mostra a diferença em plantações com menos de três anos, com eucalipto tendo mais de 50 cm de diâmetro. “Se continuar nesse ritmo, essa madeira vai estar pronta para o corte antes dos 15 anos. Com 10 já terá qualidade”, explicou o biólogo Edson Luís Garcia, que atua no setor.

Apesar de demorada comparativamente a outras culturas, mais tradicionais como a soja, a rentabilidade do plantio do eucalipto está sendo o chamariz. E é de olho nesse filão do mercado, que agrega maior valor econômico, que os produtores de Umuarama estão se organizando para abocanhar nos próximos anos.

Atualmente não existe um índice econômico da madeira. “Temos que ter esse indicador, como acontece com a cotação de outras culturas, como a soja, o milho, a pecuária. Mas para isso, temos que nos profissionalizar”, ressaltou o vice-presidente da Associação Florestal Aliança, Luciano Paulo Gomes Souto.

Com cerca de 60 hectares plantados, Souto espera obter lucro com o investimento a médio prazo. “A madeira não perde valor. Ao contrário, agrega. Também tem a vantagem de poder esperar o melhor momento para a colheita, diferente do que ocorre em outras culturas sazonais”, explicou Souto.

Até o momento, 35 produtores estão participando do processo de formação da Associação Florestal Aliança. Segundo Souto, o primeiro passo é fazer um mapeamento de todos os produtores. “Tem muita gente que planta mas, ainda não participa conosco. Convidamos a todos para que venham , para trocarmos experiências e fortalecermos o setor”, disse.

As etapas do lucro
Os primeiros valores surgem a partir do segundo ou terceiro ano do cultivo, com a desrama, que é a poda dos galhos mais baixos para impedir o surgimento de nós no tronco. Esses galhos são vendidos como lenha para abastecer indústrias e outros setores da economia que utilizam caldeiras.

No quinto ano, faz-se um manejo com a retirada das árvores defeituosas, ou seja, tortas, bifurcadas e finas demais. Essa lenha é que vai pagar o investimento na plantação, sendo transformada em maravalha ou destinada a queima como lenha.

Com sete anos, ocorre um novo manejo. Os pés não classificados são retirados e destinados à paletes. O que restar, cerca de mil árvores, são as selecionadas para a indústria moveleira. Em cinco anos, o alqueire de eucalipto rende cerca de R$ 40 mil. Em 10 anos, o valor do alqueire plantado pode chegar a R$ 200 mil. “Nenhuma cultura agrega tanto valor por área plantada”, explicou o Secretário Municipal de Agricultura, Antonio Fávaro.


CIFLORESTAS - BRASIL - 5 diciembre 2014