Setor de cloro prevê crescimento para 2018
Recuperação econômica e de indústrias demandantes da matéria-prima, como automotiva e química, deve proporcionar uma melhora do resultado das empresas após três anos de queda
Indústria química: produção de cloro teve queda nos últimos 3 anos
Ricardo Casarin
Após três anos consecutivos de retração, a indústria de cloro e soda cáustica tem uma perspectiva de melhora para 2018. A recuperação de setores demandantes como o automotivo e o agronegócio justificam o otimismo.
“Neste ano, o mercado sinaliza melhora como um todo. Estamos vendo a indústria apresentando recuperação e contamos com isso, acompanhar a economia do País”, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e Derivados (Abiclor), Martim Afonso Penna.
O cloro, soda cáustica e seus derivados são fundamentais para a cadeia produtiva de diversos segmentos como papel e celulose, construção civil, alimentos e tratamento de água.
O setor foi impactado negativamente pelos efeitos da crise nessas indústrias e reduziu sua a produção.
“A utilização da capacidade instalada ideal do setor é de 85% a 87%”, diz Penna. “Em 2016, caiu para 79% e, em 2017, para 77%. Isso preocupa, porque a indústria química é intensiva em capital: quanto mais você usar a capacidade, mais interessante e competitivo se torna seu custo médio”.
O diretor executivo da Abiclor explica que a indústria de papel e celulose foi a demandante menos atingida pela crise. “Esse setor passou bem devido às exportações.”
De acordo com levantamentos da Abiclor, em 2017, tanto a produção de cloro quanto de soda cáustica registraram retração de 2,2% em relação ao ano anterior.
De janeiro a dezembro do ano passado, a produção de cloro foi de 1,17 milhão de toneladas. No caso da soda cáustica, o volume produzido atingiu 1,29 milhão de toneladas.
No mercado interno, as vendas de soda cáustica registraram desempenho 3,3% inferior a 2016. Em relação ao cloro, as vendas totais diminuíram 4,9% na mesma base.
Para 2018, a expectativa da entidade é de melhora, puxada pela reação de outros segmentos da atividade econômica.
“Se não houver nenhuma surpresa negativa do lado macroeconômico e problemas técnicos de produção, deveremos ter um resultado positivo”, prevê o presidente do conselho diretor da Abiclor, Alexandre de Castro.
Mercados demandantes
São esperadas demandas significativas da indústria química, automobilística, farmacêutica e agropecuária. “O cloro é utilizado na produção de painéis de carros, defensivos agrícolas e fórmulas de remédios”, pondera Penna. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) projeta um crescimento de 13,2% na produção total de veículos neste ano sobre 2017.
Já a estimativa do valor bruto da produção agropecuária (VBP), feito pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, é de R$ 516,6 bilhões, retração de 4,9% em relação a 2017 (R$ 543,3 bilhões). No entanto, o resultado se dá sobre uma base de safra recorde no Brasil em 2016/2017.
Além desses setores, é esperada uma recuperação da indústria da construção civil. “Esse segmento sofreu bastante com a crise. Um dos principais consumidores de cloro é a indústria do PVC, que abastece este mercado”. A Sondagem da Indústria da Construção, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), apontou retração do nível da atividade em 2017. Porém, o mesmo levantamento apontou melhora do otimismo dos empresários para 2018.
Penna aponta que a produção também está sendo beneficiada pelos investimentos na exploração de petróleo. “Há uma boa demanda de ácido clorídrico devido ao pré-sal”. Esse derivado do cloro é utilizado na dissolução de rochas para facilitar a extração.
Apesar da perspectiva otimista, o setor demonstra preocupação com o atual momento de instabilidade política do País. “A indústria de cloro não é diferente de nenhum segmento, quanto menos turbulência, melhor”, diz Penna. “Isso nos ajuda a tomar decisões de futuros investimentos.”
A entidade acredita que a taxa de utilização da capacidade instalada deve demorar para voltar à média histórica do setor, que é de 87%. “No momento, não temos conhecimento de nenhum grande investimento de aumento de capacidade”, assinala o dirigente.